Saturday, December 20, 2008

Pagando de cupido

Sabe aquilo que você sempre tenta ser, mas é sempre um fracasso? Sempre tem alguma coisa. A minha irmã, por exemplo, tenta ser cozinheira (e que ela não leia isso, porque mesmo sendo um fracasso, eu gosto de comer o que ela faz). E eu tento ser cupido. É que adoro quando olho pra carinha de uma amiga minha triste, desesperada, desiludida e vejo toda essa expressão ir embora quando lhes apresento um homem. O problema é que vem sempre uma expressão posterior. De uma hora pra outra, as caras mudam. E podem variar: de tristeza, de dor, de nojo ou de ódio. E, na maioria das vezes, o ódio é por mim.
Só que dois fracassos em menos de um mês eu não aceito! Ah, não aceito!
Bem, vamos às histórias:

*os nomes foram trocados, óbvio. Porque, caso contrário, o ódio de que falei, ia aumentar. E chega de confusão.

Primeiro caso:

A Xaiene: Estudante de nutrição, separada, um lindo filhinho de quase 2 anos. E tudo isso com apenas 19!

O Maurício: Estudante de engenharia na UnB, há pouco tempo solteiro, também com um lindo filhinho de 4 anos. Completou 20 primaveras em outubro.

Na minha cabeça: Maurício conhece Xaiene pelo MSN. Eles marcam um encontro, seus filhos os acompanham. Eles percebem o quanto as crianças se dão bem. Marcam uma viagem. É o primeiro passo para o que viria em poucos meses: o noivado. As famílias se conhecem e eu choro de emoção ao ver os dois juntos. Cada olhar que trocam é cheio de cumplicidade, amor, ternura, identificação. O casamento não tarda. Tudo são rios de flores e a vida segue assim. Por minha causa.


A realidade: Maurício, por uma péssima coincidência do destino, havia recém-terminado um namoro com a PRIMA de Xaiene, que, muito assustada ao reconhecê-lo em seu primeiro encontro com o rapaz, fica meio acanhada para prosseguir com a história. O mesmo se deu por parte de Maurício. Eles se beijam e blá blá blá, mas dá tudo errado. A prima descobre, o casal mal se fala e um belo dia vão a uma festa na qual Xaiene, tendo desistido do romance que criei, beija um terceiro, deixando Maurício puto da cara. Culpa dela? Culpa dele? Culpa minha.


Segundo caso:

A vizinha: Formada em educação física, sempre animada, gosta de barzinhos e Vítor e Léo. Não tem filhos, mas tem um ex-namorado que não sai de sua cabeça.

O Sr. Certinho: Amigo de meu irmão, com futuro profissional promissor como administrador, admirado por todos pelo seu bom coração. Há um ano ou mais solteiro, mas nunca sozinho. Para mim, tudo o que lhe faltava era uma namorada...como a vizinha!

O Sr. Errado: Amigo de meu irmão, amigo do Sr. Certinho. Nunca com namorada, nunca sozinho. Nunca com uma mulher apenas. Às vezes, com duas no mesmo local e na mesma hora. O que não deixa de ser uma habilidade. Excelentíssimo músico. Por fim, tudo o que a vizinha não precisava.

Na minha cabeça: O Sr. Certinho, como cavalheiro que é, manda flores pra vizinha, após tê-la conhecido em minha residência. Leva a garota para um restaurante caro e eles conversam por horas e horas. Parece que se conhecem há séculos. Em suas cabeças, pensam em me agradecer por tê-los apresentado. O tempo passa e eles nem percebem. Trocam a comida que pediram e a vizinha se encontra colocando pedaços de sua sobremesa na boca do Sr. Certinho, que,completamente apaixonado, pensa em como será o próximo encontro e no que fará para torná-lo inesquecível para a moça.


A realidade: Vocês devem ter notado que eu não mencionei o Sr. Errado na Soap-Opera. É que na minha fantasia ele realmente não aparecia, mas a realidade nunca corresponde ao que eu sonho. A verdade é que, quando a vizinha conheceu o Sr. Certinho, o outro estava também em minha casa. Todos conversaram e se deram super bem. Mas o interesse nasceu com maior intensidade a partir deste último. O rapaz disse então ao meu irmão –que, por sua vez, me disse- que estava disposto a mudar seu jeito e queria a vizinha pra ele, por toda a eternidade (tá, estou novamente fantasiando. Mas ele a queria mesmo por muito tempo). Há muito tempo vinha procurando uma namorada séria e não queria mais casos banais. Descobriu milhões de interesses em comum com vizinha, mas acabou chateado quando a viu beijando o Sr. Certinho que, em breve partirá para Salvador, para curtir o carnaval sem a vizinha. Não preciso contar o resto, certo?


Enfim, isso não foi nada. No meu histórico como cupido tenho ainda muitos chutes na bunda, términos catastróficos e uma ou outra traição. Mas eu faço tudo com boa intenção, acreditem! Mas fiquem tranqüilos, me cansei! A partir de agora, quando eu vir uma carinha de amiga triste, desesperada ou desiludida, vou sorrir com toda a empatia e compaixão do mundo e distribuir VIBRADORES. E chega de confusão!