Sunday, April 12, 2009

AssombraCão

Eu acordei atrasada hoje. Não sei com o que sonhei na noite passada, mas deve ter sido bom, porque não me lembro. É que só me lembro das coisas mais viajantes e medonhas possíveis. Enfim...me levantei, me arrumei com pressa, entrei no carro e dirigi rumo à faculdade. No caminho, porém, quase atropelei uma criaturinha de pêlos branquinhos e orelhas bem grandes. Não era um coelho, mas era tão fofo quanto. Era um pequeno cachorrinho que me lembrava muito a Brigitte (minha Lhasa Apso).


A primeira reação que tive foi de desviar o carro, óbvio. Acabei parando no acostamento pelo susto. Em seguida, um outro motorista quase completa o meu serviço e mata o pobrezinho. Resolvi, então, ajudar o pequerruxo. Se não encontrasse o dono, ao menos o manteria vivo. Andei um pouco mais com o carro pelo acostamento até parar ao seu lado. Então, com medo de que ele fugisse pra pista, abri a porta do passageiro e o chamei. A porta o tampou e eu não pude vê-lo. Continuei chamando. Já estava descendo para apanhá-lo quando, após uma última assobiada, ele veio correndo e, com um pulo, subiu pro lugar do passageiro.

Porém, qual não foi meu susto ao ver a cara daquele bicho! O que eu jurava ser um cãozinho fofinho, feito a Bri, não era, nem de longe, parecido. Ele tinha um focinho comprido, um olho castanho e o outro azul quase branco. Eu estava MORRENDO de medo daquilo. Era como se fosse um pesadelo daqueles nos quais você está brincando com seu cachorro e quando olha pra cara dele percebe que está deformado e monstruosamente estranho. O bicho colocou a língua pra fora e suas patas estavam muito sujas. Ficou me encarando. Eu não sabia se gritava, se chorava ou se tentava conversar com ele e negociar uma solução pra aquele desconforto. Mas ele não me entenderia: aquela criatura não era humana. Quer dizer...não era canina.






Havia o problema ainda de que meu carro estava muito próximo da pista e seria difícil descer. Mesmo assim, arrisquei morrer atropelada (qualquer coisa era menos aterrorizante do que aquele monstrinho). Tentei chamar ajuda, mas não sei se alguém me levaria a sério (“Socorro! Tem um cachorro no meu banco do passageiro”). Me achariam, no mínimo, louca. Sentei no meio-fio e tentei pensar em uma solução, afinal, já estava atrasada demais pra me importar. Foi quando achei um pedaço de madeira e decidi assustá-lo (mesmo achando que aquilo não temia nada, pois devia ser a coisa mais assustadora do mundo). Fui chegando devagar, tremendo, implorando por um desfecho bom para aquela investida. Quando cheguei perto do carro, qual não foi minha surpresa! O bicho havia sumido! Procurei qualquer pista, qualquer vestígio, mas nada encontrei! Mesmo assim, aquilo poderia ser um embuste. Olhei mais um pouco e deixei pra lá. Entrei no carro e fui pra faculdade. No caminho, liguei para minha vizinha, que também estava dirigindo a caminho do trabalho . No meio do papo, perguntei: “Lorena, por acaso você não encontrou um cachorrinho no caminho, no meio da estrada?”, ao passo que ela respondeu: “Sim. Um branquinho que estava quase sendo atropelado. Vou parar para ajudá-lo”. Tentei gritar um “Nãaaaaaaaaaaao”, mas era tarde demais. A vizinha terminou a ligação com um grito. Espero que esteja bem! Só sei que ela não me atendeu ao telefone pelo resto do dia.