Monday, March 03, 2008

E no concurso público...


Vai ver as pessoas tinham toda a razão: passar num concurso de pouquíssimas vagas e que garante um salário muito bom para o resto de suas vidas requer muita, MUITA preocupação. E nem foi só pelo fato de apenas eu não possuir esse sintoma que me fez chegar à conclusão de que não passaria, foi exatamente no começo da prova, na parte de "Conhecimentos Complementares"que notei tal coisa porque eu não saberia julgar C ou E o trecho "Se a 1 Turma do TJDFT, ao analisar habeas corpus impetrado em favor de paciente preso, decidir conceder a medida, a exeqüibilidade da decisão dependerá da elaboração do acórdão". É que fiquei na dúvida se era português tudo aquilo que estava escrito. Mas enfim, depois disso, resolvi esquecer aquilo e começar um profundo estudo antropológico sobre o comportamento dos concurseiros. Os observei atentamente, percebendo os tiques nervosos de alguns, a obsessão em se olhar o relógio de outros e a intensa concentração da maioria, que nem parecia estar ouvindo a irritante tosse de uma candidata que se sentava ao fundo. Também havia os que pediam para ir ao banheiro e voltavam tão rápido que eu chegava a imaginar se haviam se esquecido de lavar as mãos. Ou, pelo menos, se lavar as mãos foi só o que conseguiram fazer com tão poucos segundos. E o tempo corria e, a cada minuto que se passava, acontecia algo extremamente grandioso como uma pequena borboleta entrar na sala ou o carro da pamonha passar anunciando o preço do milho cozido e meu Deus, como estava barato! Mas, óbvio que só eu percebia essas coisas. Eles estavam ocupados demais pensando nos Regimentos Internos, na Lei 9.784/1999, nessas bobagens do dia-a-dia.
Mas eis que eu encontrei a matemática na prova! Foi como encontrar um chocolate perdido dentro de sua bolsa em um dia de abstinência de doce. Depois de um ano sem números, eu finalmente resolveria equações de segundo grau, problemas de lógica e juros compostos! Como é linda a matemática financeira! Agora eu entendia o resto dos candidatos e já não ouvia nada, nem mesmo continuava a sentir o pé da moça que se sentava atrás de mim batendo na minha cadeira com uma freqüência imutável. Quando me dei conta, eu havia preenchido 80 dos 120 itens e já começava a ficar preocupada com o tempo, pois faltavam apenas 30 minutos para o término e eu ainda deveria começar a chutar o resto das questões de direito. E muitas emendas, leis e exeqüibilidades (tá, ainda não sei o que é isso) depois, a prova se acabou. Eu ainda estava morrendo de rir com meus chutes e raciocínios ridículos (causando, claro, um estranhamento por parte dos vigias por ser a única candidata que ria) quando anunciaram que a recolheriam. Entreguei meus papéis, triste por ter de ir embora daquele lugar tão divertido. Foram quatro horas e meia de pura alegria. Eu sabia que muitos tentam concursos por anos e anos, mas não entendia o porquê. Definitivamente, agora o sei. Mas, falando nisso, quando é o próximo concurso mesmo? Tô brincando, minha gente! Tô brincando!

8 comments:

Rodrigo said...

Bicho. Esse post me remete à dura e cruel realidade: PRECISO ESTUDAR LEI 9784 (além da 8666, da 8112, da 4320, e tantas outras).

Mas, fora isso, adorei passar por aqui e dar boas risadas da sua maneira ímpar de ver as coisas que eu vejo tão "em preto-e-branco".

Escreves muito bem (isso me deixa feliz quanto à sua escolha profissional). Leitura agradável.

To com saudade.
Grande beijo, Flor.

=**************

(ps: fiquei muito puto nesse concurso do TJ. Pedi pra ir ao banheiro, nunca mijei com tanta força para que a minha bexiga se esvaziasse logo para que eu pudesse voltar e julgar as competências legislativas do DF, quando o fiscal que me acompanhou até o banheiro resolveu ir tb e demorou horrores. Resultado: eu que acompanhei o cara. ¬¬)

thor. said...

Cara, ri mto Manu. Fiquei te imaginando nessa situação, quero eu fazer concurso na mesma sala que você, deve ser hilário. UHAUHAUHAHUAUHA
Adorei o blog. Parabensíssimo flor :*

Pat Vieira said...

Template novo!
Gostei mais desse, mais "clean".
Agora também "estou concurseira", fiel de Nossa Senhora dos Concursos, cuja ladainha é "uma hora passa..."

Jeronimo said...

Doidinha, mas ficou bom ^^

Taís Matos said...

Ui, hahahaha. Sua doidinha. Te imaginei rindo durante a prova. Mas é sim, muito engraçdo a forma que as pessoas se comportam. Parecem que fazer parte de uma seita, sei lá... A seita dos que querem ser servidores.

Mundo estranho,esse.
Eu jah fiz cursinho e tinha dias que eu tinha vontade de arrancar o meu braço pra tacar nos professores, porque não aguentava ouvir coisas como a Lei 9784, etc.

Oh céus.
Adorei o visual novo, parabéns minha futura-jornalista predileta!

;*

Unknown said...
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Unknown said...

Oi Manu!!! Adorei o seu texto sobre a sua prova do TJ hehe. Eu, como ex-concurseiro que sou, já passei por todas essas suas experiências e devo confessar que são realmente hilárias (isso depois que a gente já passou no concurso). O pior é quando temos certeza de ter acertado uma questão e, ao passar a resposta para o gabarito, percebemos que marcamos a alternativa incorreta e temos de anular a questão (no caso do CESPE).
De qualquer forma, acho que vc vai acabar passando novamente por esta experiência, só que mais preparada!!!
Bjão do seu amigo zoukeiro e concurseiro ;-)

Taís Matos said...

Manuela!Vou fazer um roteiro de rádio, pra uma materia aih da facul. (Naum ligue, meu teclado estah doidaum, naum sei onde foram parar os sinais). Entaum, é pra fazer uma espécie de propaganda do curso de Publicidade, explicando para os pais, e eu resolvi fazer uma novela portuguesa. Hahahaha. Aí além do Manuel, a publicitária vai se chamar Manuela =o)... Vai ficar engraçado!

"Manuel!Como tu deixastes tua filha Manuela fazer este curso de gente abilolada?"

Huheuehueheu
Dps te mando o mp3. Vou gravar no estúdio (eu acho).


;*