Monday, March 17, 2008

Quem ama não trai.


Quando abri o portão, foi o primeiro que vi. Como se tivesse esperado o dia inteiro por este momento morrendo de saudades, me encheu de beijos. Ele é grande, é verdade, mas nosso abraço sempre se encaixa perfeitamente. Agora só se ocupava de mim e de nada mais. Deixou tudo o que fazia de importante (ou não) para me receber com toda a alegria do mundo. Eu estava imunda, acabara de voltar de um futebol, mas nem meu suor o impediu de continuar com seus carinhos. Eram recíprocos, claro, mas eu sabia o que estava fazendo. Chamei-o, com jeitinho, para caminhar. Andamos, mas só ele estava inquieto. Estava feliz na companhia de quem amava. Eu também estava, mas sabia que aquilo não iria acabar bem e que caminhávamos em direção a sua casa. Ele não notava, só curtia o momento. Paramos em frente ao seu portão. Então, ele entendeu. Entendeu que os carinhos que eu fazia tinham um propósito. A reciprocidade não era à toa. Não falou nada. Emudeceu totalmente. Não chorava, não gemia. Só ficou quieto. Virou uma estátua de pedra completamente irremovível. Não queria entrar, estava chocado, decepcionado, tristíssimo. Traí sua confiança de modo frio, seco. Me senti Escariotes. Se lhe desse um beijo, logo depois, teria de me enforcar.
Com muito esforço, puxei-o pela coleira pra dentro de sua casa. Seu rosto divididinho pelas grades parecia querer se debulhar em lágrimas. Suas orelhas se abaixaram, mas não fazia som algum. O que mais me incomodava era olhar para aquele monte de pêlos negros tristes. Na mesma hora, entendi o que seus olhinhos, que nada mudaram desde que era um filhote, queriam dizer: "É nisso o que dá ser o melhor amigo do homem."

12 comments:

Raio said...

HAHAAHAHAHHA....
excelente!!!

gueds said...

krl, flor.. mandou mto bem!
mto bem estruturado e mto bem escrito :D sem falar que me surpreendeu no final.. UHAHUAHUAHUAHU

Mari Haubert said...

nao sei pq ue jha tava pensando em um cachorro desde o começo... e mesmo assim quando eu vi que era realmente um conseguiu me surpreender ainda assim do tipo: aha eu sabia!
mt bom manu!!!
=]

Dani Carla said...

Rapaaaz..Quárqui eu choro lendo isso! Imaginei a cena todinha, o Barão tristinho pq tava sendo preso..Cara, tocante! Fera demais o texto!Barabéns!

Karina Menezes said...

ô flor
faz sentido seu texto ter recebido um monte de comentários rapidinho
ele tá ótimo
;D

Pepsi said...
This comment has been removed by the author.
Rodrigo said...

=D
Adorei!
haiuhaaiuhahaiuai.

beeeijo

Unknown said...

Como que eu ainda não conhecia isso aqui?
hahaha

Jeronimo said...

Se a idéia é sua mesmo, ficou bem legal. Trabalhar com a dualidade de textos é uma coisa um tanto dificil.
Só um comentário, tente ser menos objetiva. Sei que esse tipo de conto não permite, mas se houvessem mais detalhes o efeito teria sido mais forte.

PS: Au au... xD

Taís Matos said...

Oh..Tadinho.
Ai, me emocionou.Imaginei ele como olhar triste, aquele que os cachorros fazem, porque sabem que comovem...Eles são espertos.
Esse cachorro é aquele que vocês tinham um tempo atrás?

Parabéns, Manuzoca, muito bom o seu texto. ;)
Beijinhos

Renato said...

Muito bom Manu!! Fiquei até com dó do meu cachorro as vezes agora... ehueihehuiehuiehuie
Sacanagem colocar peso na consciencia dos outros!!

;-]

Fê Câmara said...

Lindo Manu!!!!!